Para desvendar a vida de Rubem Alves, o jornalista Gonçalo Junior mergulhou na vida do escritor para contar como o menino nascido em Boa Esperança (MG), em 1933, tornou-se um “subversivo” perigoso que escreveu, em seu autoexílio nos Estados Unidos, a primeira obra a usar a expressão “Teologia da Libertação". Antes de pregar uma revolução nos métodos de ensino, ele tentou abrir as gaiolas da religião. “Alves sempre foi um libertário”, afirma Gonçalo Junior em entrevista a revista Época. “A militância religiosa que ele teve se desenvolveu em uma militância pela educação. Ele abandonou a Igreja, mas manteve a veia de pregador e difusor de ideias.”
Essa parte menos conhecida da história de Alves, morto há um ano, é uma das histórias retratadas no livro É uma pena não viver: uma biografia de Rubem Alves, lançado neste mês (Planeta, 496 páginas, R$ 49,90).
Alves no Seminário Presbiteriano do Sul (SPS), em Campinas, onde conheceu Richard Shaull, o “teólogo da revolução”, um missionário americano que insistia que era dever dos cristãos combater a pobreza e a exploração, mesmo que, para isso, fosse necessária uma aliança estratégica com os marxistas. A fé metafísica do seminarista se transformou em fé política.
Convertido ao evangelho social de Shaull, Alves se tornou o pastor de uma igreja presbiteriana em Lavras, no Sul de Minas, e se entregou ao cuidado dos pobres sem pensar em convertê-los. “Eu achava que a religião não era para garantir o céu, depois da morte, mas para tornar esse mundo melhor, enquanto vivemos”, afirmou. Do púlpito, o “reverendo Alves”, como ficou conhecido na cidade, instava os membros da Igreja a se preocupar com os mais pobres e tomar parte na luta contra a opressão e a exploração do homem pelo homem. Depois do golpe de 1964, passou a criticar as arbitrariedades do regime militar. Os pastores que governavam a Igreja Presbiteriana do Brasil mantinham estreitos laços de amizade com os generais que mandavam no país e não gostaram nada disso.
Seu ativismo social levou-o a entrar para a lista dos vigiados da ditadura e permaneceu dos anos 1960 até 1985 sob o monitoramento secreto dos militares. Após um período de autoexílio em Nova York com a mulher onde fez seu doutorado baseado na teologia da libertação, Rubem volta ao Brasil e magoado com seus companheiros pastores, que desconfiavam de suas ideias, Alves rompeu com a Igreja Presbiteriana do Brasil em 1970. “Sempre entendi que o Evangelho é um chamado à liberdade. Não encontro a liberdade na IPB. É hora, portanto, de buscar a comunhão do Espírito fora dela”, escreveu em sua carta de demissão do pastorado.
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