A agência de notícias World Watch Monitor recebeu uma carta do pastor relatando que os combatentes da frente Al-Nusra e ISIS (Islamic State of Iraq - Estado Islâmico do Iraque e Sham – o maior na Síria) adentrou o noroeste da Síria a partir da Turquia e assumiu progressivamente o controle sobre a cidade no mesmo dia.
Kessab fica a cerca de 10 km do Mediterrâneo, ao norte da Síria, perto da costa. O pastor armênio escreve que um dia depois de os combatentes ligados à Al Qaeda terem tomado o controle, grande parte da população da cidade (cerca de 650 famílias, mais de três mil indivíduos) fugiu para as montanhas ou se refugiou na cidade costeira de Latakia, cerca de 50 km ao sul de Kessab. Desde então, não há notícias sobre os que ficaram para guardar propriedades familiares.
Fontes da mídia armênia afirmam que 80 armênios foram mortos no ataque. O pastor escreveu: "Ao assumir o controle, os rebeldes profanaram igrejas, pilharam casas e destruíram edifícios do governo".
Ele escreve que muitos sírios internamente desalojados já haviam se refugiado na região de Kessab devido a sua localização na área de Latakia, de dominação alauíta, região que tem desfrutado de relativa calma nos últimos três anos.
Fontes que contataram a Comissão de Liberdade Religiosa da Aliança Evangélica Mundial (Religious Liberty Commission of the World Evangelical Alliance) declararam que o exército sírio lançou uma contra-ofensiva no sábado, 22 de março. Consta no relatório do RLC: "No domingo, 23 de março, chegaram reforços jihadistas. Os armênios restantes foram feitos reféns, casas foram saqueadas e igrejas profanadas. Naquela tarde, aviões de combate turcos derrubaram um jato Air Force MIG-23 sírio que estava dando suporte às forças terrestres da SAA para repelir os jihadistas".
De acordo com a Turquia, o MIG-23 adentrou 1,2 quilômetros do espaço aéreo turco, mas a Síria nega. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (Syrian Observatory for Human Rights) - um grupo ativista sediado no Reino Unido - afirmou que os relatórios iniciais da área sugeriam que o avião teria caído no lado sírio da fronteira.
A derrubada do avião Air Force sírio tem sido interpretada por armênios locais como conivência da Turquia no avanço dos rebeldes islâmicos, trazendo à tona memórias do genocídio armênio liderado pela Turquia há cem anos. De fato, o pastor escreveu: "Ele não apenas nos traz (esse evento) à memória, como é própria a continuação do último genocídio".
Contudo, o primeiro-ministro turco Erdogan Tayip disse: "Um avião sírio violou nosso espaço aéreo. Nosso caça F-16 decolou e colidiu com este avião. Por quê? Porque se você violar o meu espaço aéreo, vai ter de aguentar as consequências".
O correspondente da BBC James Reynolds diz que a Turquia tem tomado amplamente o partido dos rebeldes desde o início da guerra, em outubro de 2011. A Turquia divide uma fronteira de 800 quilômetros com a Síria.
Na última quinta-feira, 27 de março, a Turquia bloqueou o acesso ao YouTube depois de um vídeo postado, aparentemente mostrando membros do seu governo discutindo táticas militares ligadas à guerra na Síria. (A Armênia, que faz fronteira com a Turquia, foi a primeira nação do mundo a assumir o cristianismo como religião "nacional", antes ainda do imperador romano Constantino).
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