Um dia depois que o presidente da Missão Internacional Emanuel (EMI, sigla em inglês) recebeu mais três dias em custódia, uma delegação do Conselho Cristão de Toda a Índia (AICC, sigla em inglês) enviou um relatório ao primeiro-ministro concluindo que o estado de Rajasthan está oprimindo os cristãos por causa da pressão exercida pelo Partido Bhartiya Janata (BJP, sigla em inglês).
Após uma visita de três dias à região de Kota, a delegação concluiu que a máquina governamental de Rajasthan, incluindo os sistemas de administração civil, da lei e da justiça, fora "subjugada pela pressão policial da PBJ".
A delegação confirmou que o ministro estatal do bem-estar, Madan Dilawar, estava por trás dos ataques contra os cristãos em Kota. Em 3 de março, os extremistas hindus ofereceram uma recompensa de 26 mil dólares pelas cabeças do arcebispo Thomas, fundador da Missão Internacional Emmanuel (EMI), e do seu filho, o reverendo Dr. Samuel Thomas, presidente da organização.
"Os membros do BJP perambulam livremente oferecendo grandes quantias de dinheiro pelo assassinato do arcebispo Thomas e de seu filho, enquanto a máquina estatal meramente interdita seus orfanatos e escolas, rescindindo seus registros sem ao menos dar tempo suficiente para responder a uma ação judicial", informou o Secretário Geral da AICC, John Dayal.
Liderada por Dayal, que também é membro do Conselho de Integração Nacional do Governo da Índia, a delegação incluiu a freira Mary Scaria, advogada da Corte Suprema e secretária da Comissão de Paz e Justiça da Arquidiocese de Déli; o reverendo Madhu Chandra, secretário da região de Déli da AICC e dois jornalistas independentes.
A delegação encontrou-se com o coletor distrital Niranjan Arya, com o superintendente da Polícia Sanjay Agarwal, e com o delegado de Udyog Nagar, Rakesh Pal. Todos eles asseguraram à delegação que eles não permitiriam que os órfãos e os pacientes sofressem e impediriam qualquer tipo de violência.
Eles também se encontraram com vários líderes cristãos da região, líderes dos orfanatos e hospitais da EMI, pacientes e cidadãos. No hospital da EMI, a delegação encontrou pacientes que não receberam cuidado adequado devido à presença de policiais e às ameaças de que se alguém fosse atendido, os funcionários seriam detidos e o hospital seria fechado.
Os pacientes do hospital incluem órfãos que sofrem de tuberculose e, pelo menos, uma criança em coma.
A delegação constatou que o orfanato Emmanuel estava funcionando apropriadamente naquela ocasião.
Cristãos presos, hindus soltos
A delegação também se encontrou com o presidente da EMI, Samuel Thomas - que foi preso em 16 de março - e permanecia sob custódia policial. Samuel contou à delegação que não havia sido mal-tratado pela polícia, mas que estava preocupado com o orfanato e o hospital da EMI.
Samuel foi preso em Noida, Uttar Pradesh (perto de Déli) por causa da distribuição do livro polêmico, "Haqeekat" (A Verdade ou Realidade), que supostamente denigre a religião e as divindades hindus.
Em 20 de março, o presidente da EMI se apresentou diante da corte e recebeu ordens para permanecer sob custódia policial mais três dias, conforme o advogado da EMI, Mohammad Akram. Ele disse ao Compass que a polícia queria manter Thomas sob custódia por mais cinco dias.
Na mesma data, a Corte Suprema de Rajasthan negou fiança ao administrador da EMI, V.S. Thomas e ao seminarista da EMI, Vikram Kindo, que também foi preso por causa
do livro. Entretanto, a corte concedeu fiança a R.S. Nair, um hindu.
Suscetível às tensões religiosas
John Dayal disse que assim que o BJP tomou o poder em 2002, inquéritos clandestinos começaram a ser realizados contra todas as instituições da EMI, que foram sujeitas a severas investigações e auditoria financeira pelo departamento que lida com o registro de sociedades e organizações de caridade.
A delegação descobriu que as advertências para o cancelamento de registro das instituições da EMI foram meramente divulgadas em murais das instituições interessadas em vez de ser entregues pessoalmente aos seus diretores.
O escrivão entregou uma notificação três dias antes de revogar os registros das instituições da EMI, em 20 de fevereiro, sob o pretexto de violação de procedimentos solicitados pelas leis relacionadas às sociedades.
Conspiração contra a fé cristã
John Dayal também contou que a violência poderia inflamar-se "a qualquer momento e em qualquer lugar, iniciando com Kota". Ele disse que toda a comunidade se sentiu ameaçada. Todos os oficiais do distrito de quem a delegação se encontrou admitiram que a cidade de Kota estava altamente suscetível às tensões religiosas.
"A EMI poderia ser o símbolo e a vítima imediata da conspiração contra a fé cristã e os seus seguidores no estado de Rajasthan, e contra o trabalho social da EMI com as pessoas e com os grupos marginalizados", disse John Dayal no relatório.
Seu relatório observa que os cristãos entraram na mira dos fundamentalistas hindus há dez anos, quando os extremistas lançaram uma campanha para tornar a região de Banswara "livre de cristãos até o ano 2000".
O relatório de John Dayal reconhece que "Haqeekat" não foi de bom gosto. "A lei deve ter seu curso normal contra o autor e o tradutor, mas a missão e o seu fundador estariam envolvidos nisso só porque o livro foi encontrado nas suas dependências?", perguntou. Ele também disse que "através de parâmetros idênticos", muitos hindus fundamentalistas, incluindo líderes do BJP, devem ser processados por ferir os sentimentos dos cristãos.
A delegação solicitou ao primeiro-ministro que ordenasse uma investigação profunda sobre o assunto e observasse a justiça sendo feita. A delegação também solicitou que os mandados contra Samuel Thomas e seu pai fossem anulados e que as instituições da EMI recebessem de volta seus registros e tivessem suas contas bancárias descongeladas.
Cristãos protestam
Centenas de cristãos se reuniram em uma assembléia na capital Jaipur, em 21 de março, a fim de protestar pelas atrocidades contra a comunidade cristã, contou a agência de notícias Indo-Asiática. A reunião, realizada fora da assembléia do estado, foi apoiada pela oposição dos partidos do Congresso e de Esquerda.
Eles gritavam lemas contra Dilawar por causa da agitação do líder contra os cristãos e instituições sociais em Kota.
Os rebeldes também condenaram a prisão de Samuel Thomas.
O arcebispo M.A. Thomas, fundador da EMI e pai de Samuel, permanece escondido até o momento. Em 19 de março, a delegacia de polícia de Udyog Nagar colocou um cartaz na parede da sede da EMI declarando-o um ofensor fugitivo.
Danis Nathalian, que traduziu o "Haqeekat" para o hindu, também foi presa e permanece em custódia judicial até o momento. Nathalian não apelou por fiança.
A manifestação irritou a assembléia de Rajasthan, que testemunhou cenas barulhentas. Os procedimentos da assembléia tiveram que ser suspensos por três vezes, enquanto os membros do BJP e do Partido do Congresso se engajavam em discussões inflamadas sobre a perseguição de cristãos.
As tensões em Kota começaram em 25 de janeiro, quando o arcebispo Thomas e o seu filho receberam ameaças de morte anônimas, advertindo-os para não realizar a cerimônia de formatura anual para centenas de alunos órfãos e cristãos dalits, marcada para 25 de fevereiro. A cerimônia foi adiada em função das ameaças.
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